Há uma distinção entre música e musicalidade que muitos não percebem e que mostra-se como o mais importante nó desta cadeia. A diferença é simples, mas nem sempre compreendida: música é racional, musicalidade é emocional.A música é, como veremos mais à frente, a emoção transcrita em linguagem humana e, como tudo que é humano, falha. A música por si só não é nada. Ao sair da mente (e do coração) do compositor, ela não é mais que uma tentativa. No entanto, ao passar pelo intérprete e chegar ao destinatário final que é você, ouvinte, ela toma significado pois reveste-se do que chamamos de musicalidade.
Enfim, o que iremos tratar não é da música como técnica, com suas fermatas, colcheias e claves de fá. Iremos tratar de um modo mais interior e mais instintivo, de modo que tudo que você conheça sobre música torne-se cada dia novo, num aprender perene.Aqui vale avisar que a própria maneira que temos de registrar a música é em muitos sentidos limitada. Pergunte a qualquer músico se é possível demonstrar tudo o que ele deseja através do sistema de notas que temos hoje e você verá que a resposta será invariavelmente não. Isto porque o sistema é composto de doze semitons, que vão de Dó a Si, que conseguem transmitir muito do que a música expressa, mas não tudo. A diferença entre esta capacidade e a verdadeira intenção do compositor é o que chamamos de musicalidade.
Toda música contém doses generosas de emoção e quanto melhor a música, mais fácil fica para nós, diletos ouvintes, captarmos seu sentido e sua carga emotiva. A música pode transmitir ódio, paz, amor, tristeza, serenidade, patriotismo, inveja, júbilo, confiança, enfim, todas as emoções podem ser escritas em sua linguagem própria, que é a nossa música. A transmissão destas emoções é análoga à transmissão através de um telefone, por exemplo. Alguém fala, esta voz é transformada (através de equipamento apropriado para isto) em sinais elétricos, que por si só não falam. Estes sinais são enviados por um meio (apropriado!) até quem escuta. Os sinais são trasformados novamente em voz (via equipamento apropriado) e podem ser compreendidos. Na música ocorre o mesmo!
Existe alguém que deseja enviar uma emoção: o compositor. Ele transforma através de equipamentos apropriados esta emoção em algo passível de transmissão: a partitura ou uma gravação. Então, esta emoção codificada é enviada através de um meio apropriado: o intérprete, até que chega ao outro equipamento apropriado: o ouvinte. Ela então é novamente transformada em emoção e fecha-se o circuito.No entanto, como numa chamada telefônica, precisamos sempre dar confiabilidade à nossa “linha telefônica emocional”, ou seja, precisamos fazer com que os meios fiquem apropriados para tratar a informação de modo eficiente.
O intento deste ensaio é exatamente descobrir como entender a mecânica dos meios de transmissão musicais e como fazê-los exibir seu potencial máximo, dentro do limite de cada um. Se você acha que não tem dom para a música, leia este texto e depois diga-me se continua com a mesma opinião.
Funções da Música:
O uso que se tenha da música quase que independe do sentido que atribua-se à mesma. Uma música de protesto e uma música de amor têm a mesma alma, só mudando a sua utilização. Não é a toa que podemos encontrar em canções frases como “A mão que toca um violão, se for preciso vai à guerra…”. A música, como a mão, só conhece seu uso através do instrumentista que a manipula.
Podemos distinguir vários estágios de comunicação humana, e em seu ápice encontramos a própria música que é, se assim podemos dizer, o nirvana da comunicação.
Um exemplo, a tempo: se você é um homem e vê uma mulher, muito da comum, andando pela rua, você expressará: “vi uma mulher andando pela rua”.Isto é prosa. Você pode descrever a mulher dos pés à cabeça, e o máximo de informação que conseguira é o que a realidade apresenta. Nada mais e, se for bem observador, nada menos. Se a mulher for bonita, e fizer com que você pelo menos desvie um pouco da sua linha de pensamento, você pode se expressar assim: “Ó que maviosa ninfa que do mar emerge e inunda o mundo de luz.
Olhos meus, por que me traem assim?” etc., etc., etc. Isto é poesia, que contém muito mais informação que a prosa, mas ainda tem seus limites.Ainda que tenhamos já entrado no campo do imaginário, existem cargas maiores de emoção que podemos passar. De repente você “aquela” deusa! Seu coração bate mais forte, sua barriga gela e você fica o bobo padrão. Se você for um Vinícius de Moraes, provavelmente sua forma de expressão será: “Olha que coisa mais linda, mais cheia de graça, é ela a menina que ri e que passa, num doce balanço a caminho do mar”, acompanhado de uma bela canção, que todos conhecem. Se você não chegar num Vinícius, pelo menos o desejo de compor uma canção ficará no ar.
O belo da música está na quantidade de emoção que podemos expressar por ela. A realidade não é mais a mesma, mas é moldada de acordo com o desejo (e a categoria) do compositor. Nisto podemos encontrar o homem como criador, e não apenas criatura. Nenhuma outra coisa no mundo conseguiu conciliar num mesmo pacote emoção e razão de uma maneira tão perfeita.
Musicalidade = Música Caseira
Você pode dizer, assustado: “Mas eu não sou músico!!!”.
Provavelmente você é e não sabe, ou tem medo de saber, medo de conhecer o poder de criação que existe em você. Sãoraras as pessoas que não têm o dom da música e mais raras ainda as que não têm musicalidade. Das primeiras ainda conheci algumas, mas não encontrei ainda em meus anos de vida quem não tivesse musicalidade, a ponto de achar que musicalidade é como cérebro e coração: todo mundo que é vivo tem. Se você sabe diferenciar uma música de uma prosa ou poesia, você possui musicalidade. A maior ou menor qualidade desta sua musicalidade depende de sua história, mas sempre pode ser desenvolvida, de maneira que ainda não tenha imaginado, pois aí reside a maravilha da emoção.
“A Prática Leva à Perfeição”. Como em tudo (ou quase tudo) na vida, esta frase tem sentido aqui. Para aprimorar seu “instrumento” de musicalidade, é preciso praticar: escute, tentando compreender o que você realmente sente. Ceda à força que têm a música e faça aflorar seus sentimentos. Escute cada nota como se fosse a última nota permitida a você escutar. Faça disso um jogo particular e verá como sua musicalidade melhorará muito!
Oficina
Medo Alegria Paz Tristeza Amargura Confiança Melancolia Ódio Remorso Júbilo Contemplação
Elimine qualquer tipo de interferência e deixe a música agir.
Olá. Estou fazendo uma pesquisa e digitei “musicalidade” no google, que me levou a diversas páginas. Deparei-me com uma com o mesmo texto daqui, publicada posteriormente. Achei bom avisar, não sei se é o mesmo autor postando em dois lugares, ou se aconteceu algo de má fé. O link é http://pt.shvoong.com/entertainment/music/2155472-musica-musicalidade/.
Um abraço, Carol
Olá Carol vc poderia entrar em contato cmgo ? Estou fazendo pesquisas sobre ” musicalidade”
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