Conhecido pelo nome original “grafito”, o graffiti pode ser considerado a primeira forma de escrita do mundo. Durante a década de 60, o graffiti assume nas ruas da França e Itália, um formato um tanto diferenciado pelo qual estamos acostumados a identificá-lo, sem a predominância multicolorida, com letras e desenhos abstratos e tridimensionais, que nos permitiria admirá-los, sendo visto através de frases de resistência à um sistema opressor (bem parecido com àquelas frases de “fora FHC” ou a famosa “Diretas Já!” que predominam ainda hoje nos muros de nossa cidade). Já na década 70, o graffiti reaparece, só que desta vez, nos Estados Unidos. Assumindo um estilo de protesto diferente dos países europeus, ele adquire um formato bem próximo do que viria a ser o seu original nos anos seguintes: com frases e desenhos multicoloridos nos vagões de metrô. Então, é neste período que a “graffiti spray can art” passa a assumir o seu formato definitivo, sendo vista de maneira frontal, e direcionando o seu nome o quanto arte e desenvolvendo estilos, sendo praticada agora pelos adolescentes negros e hispânicos dos bairros nova-iorquinos. Inspirados por nomes como Vaungh Bodê (cartunista muito popular na época, que retratava em seus quadrinhos um mundo de magia e fantasia, num ato de protesto à guerra do Vietnã), estes jovens, numa busca, mesmo que inconsciente, de sua afirmação social, procuravam dar asas aos seus estilos nos vagões de metrô, paredes de linhas férreas, prédios abandonados, muros e becos da cidade de Nova Iorque:
“Era como pular uma cerca, uma cerca escolar. Você escreve seu nome no pátio, espera o trem passar, e daí ganha o dia: Uau! Meu nome está viajando em Nova Iorque inteira!” – (KRS-One/ rapper e grafiteiro)
Nomes como Taki 183, Lee Quiñones, Phase 2, Blade, Daze, Crash, Zephyr, Lady Pink, Noc e Kase 2 fizeram do graffiti uma das linguagens mais fortes de uma juventude desassistida, vivendo em uma comunidade à mercê da violência e das drogas. É importante ressaltar, que, muitas vezes esses “writers”, foram freqüentemente confundidos pela lei como integrantes de gangues de rua, pelo fato destas utilizarem muitas vezes de alguns estilos do graffiti para a demarcação dos seus territórios.
Estilos:
Tag – assinaturas feitas à base do spray, ou, em algumas circunstâncias, canetão. É considerado a assinatura do “writer”. É também visto no formato de frases que complementam um desenho ou um outro estilo de letra. Quando utilizado negativamente, ele pode ser interpretado como o que conhecemos pateticamente por “pichação”.
Throw-up – estilo de pintura elaborado de forma rápida, sem muitos detalhes na estética, que simula algo proibido como a pichação, à base de duas ou três cores apenas, através de rolos para encher as letras e desenhos e sprays para contornos.
Piece – bem similar a forma dos hippies, este estilo pode ser considerado um dos primeiros na escala evolutiva do graffiti em Nova York. Ao contrário do throw-up, suas letras e desenhos apresentam um tom de estética mais apurado e a liberdade de se trabalhar com um número superior a três cores. É também, bem apreciado pela sua facilidade de interpretação.
3D – um dos mais sofisticados estilos de graffiti. Desenvolvido já no fim dos anos 80, o 3d é o “Salvador Dali” do graffiti, com suas letras e desenhos tridimensionais, que possibilitam, muitas vezes, a interpretação única de quem é do meio somente.
Para que você tenha uma idéia mais profunda do que vem a ser a arte do graffiti no Rio de Janeiro, a crew carioca “Nação Gaffiti”, formada pelos writers Chico, Ment e Airá “O Crespo”, freqüentemente realizam em nosso estado, seminários e work shops com a intenção de difundir corretamente esta cultura. E mais precisamente em Campo Grande, entre tantos bons grafiteiros, podemos destacar o trabalho competente de Gil.
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